Como vive o SER nesse mundo?
Que desejos tem? Como se encontra em seu tempo-espaço? Como se expressa e articula seus pensamentos?
Nos dias atuais, a estética predomina sobre a ética. Por exemplo, se a imagem de algum político é bem cuidada e produzida pela mídia, com certeza, triunfará sobre os demais candidatos. É esse cultivo da imagem que faz da pessoa o SER.
Enquanto uns se enriquecem com essa “política”, outros empobrecem e o lado ruim de uma sociedade aparece (falta de moradia, desemprego, perda de poder...)
Ao mesmo tempo que o capitalismo favorece o crescimento, destrói a capacidade criativa do homem e cria novos desejos e necessidades, porque explora o ser em seu trabalho, acelerando ainda mais o ritmo de sua vida.
Os resultados positivos e o lucro estão acima de qualquer “coisa”, principalmente do “SER”.
Em função disso, a vida cultural e os prazeres da vida vão ficando apenas destinados aos detentores do dinheiro e da lógica da circulação do capital.
Para melhor compreender o pós-modernismo, deve-se levar em consideração dois importantes aspectos:
a) o poder do dinheiro que controla os meios de produção e o trabalho assalariado;
b) o marketing da imagem.
Segundo David Harvey, como a condição pós-moderna está intimamente ligada à compreensão do tempo e espaço, muitas vezes, faz-se necessário:
a) fugir para um silêncio enfraquecido (esgotado) diante de tudo o que é apresentado de maneira tão avassaladora; (a informação excessiva é uma das melhores induções ao esquecimento)
b) negar a complexidade do mundo e representá-la de modo simplificado; (slogans – imagens sem profundidade para captar sentidos complexos)
c) encontrar um nicho intermediário para a vida intelectual e política; (extrair um mundo ao menos apreensível da infinidade deles apresentada nas telas da tv)
d) construir uma nova linguagem e imagens capazes de espelhar esse novo SER.
Todas essas mudanças ocorridas podem ser entendidas com base na compreensão dinâmica da teoria do materialismo histórico. Por exemplo, dentre as áreas de maior desenvolvimento, destacam-se:
a) a importância da recuperação de aspectos da organização social como raça, gênero, religião (poder do dinheiro e circulação do capital) e da política de classe (luta emancipatória) que não deve ser superestimada;
b) a produção de imagens e de discursos deve merecer cuidados especiais, porque faz parte da reprodução e transformação de toda ordem simbólica;
c) um reconhecimento de que as dimensões de tempo e espaço são relevantes, porque são sede de inúmeras diferenças que têm que ser compreendidas por si mesmas e na lógica do capitalismo;
d) a tentativa de chegar a um acordo com as verdades históricas e geográficas, que caracterizam o capitalismo, através da metateoria (pensar sobre algo; maneira de interpretar o mundo).
Com tudo isso acontecendo, não é possível encontrar uma resposta a essa época tão conturbada, denominada pós-moderna.
O melhor que se tem a fazer é partir para a exploração de sentidos globais e das perspectivas do VIR-A-SER por meio da liberação do desejo romântico da estase (paralisação, calma, tranqüilidade) do SER.
O retorno ao realismo como forma de devolver as práticas culturais a um domínio em que possa ser expresso algum tipo de conteúdo ético em muito ajudaria a compreender essa condição pós-moderna.
Se houver uma renovação do materialismo histórico, pode-se lançar um ataque da narrativa contra a imagem, da ética (ciência da moral ou dos bons costumes) contra a estética e de um projeto de VIR-A-SER, buscando a unidade no interior da diferença, mesmo num contexto tão avassalador
Portanto, toda época tem que ser julgada na plenitude de seu tempo, não pelo SER, que é imediatista e consumista, mas pelo VIR-A-SER, que está em constante processo de formação e interpretação da realidade.
Afinal, o principal da vida não é o conhecimento, mas o uso que se faz dele.
Regina Penachione – Mestra em Educação
VERDADE
A porta da verdade estava aberta
Mas só deixava passar
Meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
Porque a meia pessoa que entrava
Só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
Voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
Onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
Diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
Seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
ANDRADE, Carlos Drummond de. 1984. O corpo: novos poemas. Rio de Janeiro: Record.
Que desejos tem? Como se encontra em seu tempo-espaço? Como se expressa e articula seus pensamentos?
Nos dias atuais, a estética predomina sobre a ética. Por exemplo, se a imagem de algum político é bem cuidada e produzida pela mídia, com certeza, triunfará sobre os demais candidatos. É esse cultivo da imagem que faz da pessoa o SER.
Enquanto uns se enriquecem com essa “política”, outros empobrecem e o lado ruim de uma sociedade aparece (falta de moradia, desemprego, perda de poder...)
Ao mesmo tempo que o capitalismo favorece o crescimento, destrói a capacidade criativa do homem e cria novos desejos e necessidades, porque explora o ser em seu trabalho, acelerando ainda mais o ritmo de sua vida.
Os resultados positivos e o lucro estão acima de qualquer “coisa”, principalmente do “SER”.
Em função disso, a vida cultural e os prazeres da vida vão ficando apenas destinados aos detentores do dinheiro e da lógica da circulação do capital.
Para melhor compreender o pós-modernismo, deve-se levar em consideração dois importantes aspectos:
a) o poder do dinheiro que controla os meios de produção e o trabalho assalariado;
b) o marketing da imagem.
Segundo David Harvey, como a condição pós-moderna está intimamente ligada à compreensão do tempo e espaço, muitas vezes, faz-se necessário:
a) fugir para um silêncio enfraquecido (esgotado) diante de tudo o que é apresentado de maneira tão avassaladora; (a informação excessiva é uma das melhores induções ao esquecimento)
b) negar a complexidade do mundo e representá-la de modo simplificado; (slogans – imagens sem profundidade para captar sentidos complexos)
c) encontrar um nicho intermediário para a vida intelectual e política; (extrair um mundo ao menos apreensível da infinidade deles apresentada nas telas da tv)
d) construir uma nova linguagem e imagens capazes de espelhar esse novo SER.
Todas essas mudanças ocorridas podem ser entendidas com base na compreensão dinâmica da teoria do materialismo histórico. Por exemplo, dentre as áreas de maior desenvolvimento, destacam-se:
a) a importância da recuperação de aspectos da organização social como raça, gênero, religião (poder do dinheiro e circulação do capital) e da política de classe (luta emancipatória) que não deve ser superestimada;
b) a produção de imagens e de discursos deve merecer cuidados especiais, porque faz parte da reprodução e transformação de toda ordem simbólica;
c) um reconhecimento de que as dimensões de tempo e espaço são relevantes, porque são sede de inúmeras diferenças que têm que ser compreendidas por si mesmas e na lógica do capitalismo;
d) a tentativa de chegar a um acordo com as verdades históricas e geográficas, que caracterizam o capitalismo, através da metateoria (pensar sobre algo; maneira de interpretar o mundo).
Com tudo isso acontecendo, não é possível encontrar uma resposta a essa época tão conturbada, denominada pós-moderna.
O melhor que se tem a fazer é partir para a exploração de sentidos globais e das perspectivas do VIR-A-SER por meio da liberação do desejo romântico da estase (paralisação, calma, tranqüilidade) do SER.
O retorno ao realismo como forma de devolver as práticas culturais a um domínio em que possa ser expresso algum tipo de conteúdo ético em muito ajudaria a compreender essa condição pós-moderna.
Se houver uma renovação do materialismo histórico, pode-se lançar um ataque da narrativa contra a imagem, da ética (ciência da moral ou dos bons costumes) contra a estética e de um projeto de VIR-A-SER, buscando a unidade no interior da diferença, mesmo num contexto tão avassalador
Portanto, toda época tem que ser julgada na plenitude de seu tempo, não pelo SER, que é imediatista e consumista, mas pelo VIR-A-SER, que está em constante processo de formação e interpretação da realidade.
Afinal, o principal da vida não é o conhecimento, mas o uso que se faz dele.
Regina Penachione – Mestra em Educação
VERDADE
A porta da verdade estava aberta
Mas só deixava passar
Meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
Porque a meia pessoa que entrava
Só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
Voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
Onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
Diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
Seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
ANDRADE, Carlos Drummond de. 1984. O corpo: novos poemas. Rio de Janeiro: Record.
Maravilhoso o artigo...
ResponderExcluirFantástica essa idéia de divulgar artigo de professores, são jóias escondidas que estão tendo a oportunidade de ser apreciadas por todos.
Regininha você é demais.